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Vamos sem grandes delongas para responder se vale a pena um cruzeiro no Nilo: Sim! E se você estiver organizando a sua viagem para o Egito, veja a nossa página dedicada em como organizar sua viagem para não esquecer de nada!
Esse foi com certeza o passeio que mais nos surpreendeu no Egito. “Mas e as pirâmides?”, você deve estar se perguntando. Ah, as pirâmides são as pirâmides, né? Todo mundo sonha em conhecer, as expectativas são altas e elas são realmente incríveis. Mas fazer um cruzeiro no Rio Nilo, o maior rio do mundo e talvez um dos mais importantes da história da humanidade, é algo que nunca tinha passado pela nossa cabeça. Nem sabíamos que existia essa possibilidade e como muita coisa nessa vida, as melhores surpresas vem daquilo que menos esperamos.
Chegamos no Cairo e foi enquanto conversávamos com um dos funcionários do hostel que estávamos hospedados, que ouvimos falar sobre o passeio. Um cruzeiro de 4 dias pelo Rio Nilo, passando por algumas das cidades mais importantes do Egito Antigo.
Na hora titubeamos um pouco, parecia caro (400 dólares) e sofisticado demais para a viagem que tínhamos em mente. Mas o cara foi baixando o preço, mostrando fotos legais e acabou nos convencendo. No final, pagamos 300 dólares por pessoa, pelos 4 dias.
Alguns dias depois, na cidade de Luxor, embarcávamos no nosso cruzeiro sentido sul do país.
O Navio que faz o Cruzeiro no Rio Nilo
Há diversas opções de navio, o nosso era um 4 estrelas, que já estava bom demais. Ele era enorme e nossa cabine confortável, com uma janelona com vista para o Nilo. O deque era super gostoso e tinha até piscina (água gelada, já que era inverno). Dentro, um bar, restaurante, uma loja de souvenirs e era basicamente isso. O buffet de comida servido diariamente era simples, mas gostoso e em abundância.
Um camareiro arrumava todos os dias nosso quarto e transformava nossas toalhas de banho em arte, o que nos levava a acessos de riso sempre que entrávamos no quarto.
Tudo era interessante, mas um pouco decadente, o que não nos espantou, já que o Egito passa por uma série crise política, social e econômica. O turismo é parte importante da economia egípcia e depois dos golpes de Estado e revoluções sociais, o país sofreu uma enorme queda no número de turistas. Inclusive muitos países europeus não aconselham a visita de seus cidadãos ao Egito. Dá pra imaginar então o impacto que isso teve na economia e na infraestrutura geral por lá.
O itinerário
Há diversas opções de itinerários, desde os que saem do Cairo e vão até o extremo sul do rio, na cidade de Abu Simbel; até outros mais simples, que vão de Luxor a Aswan, por exemplo.
Nós embarcamos em Luxor e fizemos paradas em Edfu, Esna, até desembarcarmos em Aswan. Nas paradas havia sempre um guia nos esperando, que nos levava para conhecer os templos e outros pontos importantes do Egito Antigo. O que mais gostamos, com certeza, foi o Vale dos Reis, uma tumba coletiva de diferentes reis egípcios, na cidade de Aswan. Mas no geral, todas as ruínas e construções que visitamos eram incríveis e o cruzeiro foi uma ótima maneira de conhecer os pontos mais importantes da história do Egito.
Quanto custa o Cruzeiro do Rio Nilo
Como mencionamos no começo do texto, pagamos cerca de U$ 300 por pessoal pelo Cruzeiro no Rio Nilo de quatro dias. Isso foi há quatro anos, imagino que hoje esteja um pouco mais caro.
No valor já estava incluso o passeio pelas cidades com guia, café da manhã, almoço e jantar. Pelo menos era isso que nos foi vendido (mas você vai ver um pouco mais abaixo que não era bem assim).
Como faz muito tempo, não nos lembramos o nome da companhia com quem fizemos o passeio, mas pesquisando opções com os nossos parceiros do Get Your Guide, encontramos esse cruzeiro pelo Nilo que está muito bem avaliada pelos usuários. Dá só uma olhada!
A melhor época para fazer o Cruzeiro no Rio Nelo
De outubro a maio, já que esses são os meses de temperatura mais amena. Nós fomos em janeiro e de dia era calor, mas a noite fazia uma brisa deliciosa.
O que mais gostamos
Com certeza da beleza do Nilo. Deitar no deque do navio no final da tarde para esperar o sol se pôr por trás das palmeiras às margens do Nilo é algo que nunca esqueceremos.
Outra coisa deliciosa é a tranquilidade que o navio oferece. Enquanto em todas as cidades que passamos pelo Egito havia milhares de pessoas nos assediando a todo momento para vender algo ou pedir dinheiro, o navio nos proporcionava um refúgio sossegado.
O assédio no Egito chega a níveis exorbitantes e na nossa terceira parada do navio, já estávamos tão exaustos desse tipo de prática que optamos por não descer no porto. Ficamos lá curtindo o sol, lendo um livro e aliviados por não sermos parados a cada 10 segundo por alguém nos obrigando a comprar algo.
Parece um julgamento bastante insensível da nossa parte, mas sei lá, o assédio no Egito é realmente algo de que não sentimos saudades.
E olha que nos vestíamos a caráter para andar na rua (a Fê colocava um lenço na cabeça e o Ti com aquela barba imensa) e passávamos por locais. Inicialmente funcionava, mas era só perceberem que não falávamos árabe para começarem a oferecer coisas insistentemente.
O que não gostamos
Uma coisa muito, mas muito chata mesmo foi a questão da gorjeta. Isso é um problema que afeta o país inteiro praticamente. Todo turista reclama da mesma coisa… pra você ter noção, tem policial que se oferece para tirar uma foto sua e depois vem pedir dinheiro. É ridiculo. As histórias são tantas que não caberiam aqui. Mas enfim, pensamos que dentro do navio estaríamos livres disso, e realmente estivemos, até o último dia.
Lembra que comentamos que fechamos o pacote completo, com tudo incluso? Fomos enfáticos com o pessoal que nos vendeu o passeio quanto a isso, pois com o dinheiro contado do começo da nossa viagem, não podíamos ter gastos inesperados. Eles nos garantiram que tudo, absolutamente tudo, estava incluso.
No último dia do navio, quase a ponto de desembarcarmos, quando já nos despedíamos dos funcionários, dávamos abraços, trocávamos camisetas do Brasil pela do Egito e etc, o gerente vem nos lembrar que deveríamos deixar uma boa gorjeta para a tripulação.
Relutamos, dissemos que não tínhamos dinheiro, que pagamos tudo para a agência e que nos garantiram que até mesmo a gorjeta estava inclusa no pagamento. Não teve jeito, o cara falou que deveríamos deixar dinheiro. Todos os funcionários começaram a fazer cara feia pra gente e o camareiro que conhecíamos (o que transformava as toalhas em arte) nos disse que os funcionários do navio recebiam mixaria como salário e que a única maneira de sobreviverem era com a gorjeta dos turistas. E eles não estavam pedindo pouco, era um mínimo de 50 dólares.
Enfim, deixamos uns 20 dólares, com dor no coração por entender que tínhamos feito parte de um esquema totalmente exploratório e comum no Egito, e fomos embora. Todos nos olhavam feio depois de termos nos recusado a pagar a caixinha inicialmente.
Mas enfim, o Egito não é uma viagem fácil, tem que estar preparado, principalmente psicologicamente.
Ainda assim acho que esse foi um dos passeios mais legais por lá e com certeza recomendamos a qualquer um que for visitar o país!