This post is also available in: English
Como vivem os cristãos no Egito tem sido um dos nossos maiores questionamentos desde que chegamos por aqui.
Segundo um dos nossos guias, 85% da população egípcia é muçulmana, 15% cristã e há pouco mais de 200 judeus. A Constituição do Egito não reconhece outras formas de religião que não as três acima citadas.
Os cristãos do Egito seguem a Igreja Ortodoxa Copta, estabelecida no país em meados do século I pelo apóstolo Marcos. Obviamente há muito menos igrejas do que mesquitas espalhadas pelo país, mas curiosamente, muitas são próximas umas das outras e, muitas vezes, inclusive, dividem o mesmo espaço. Como isso funciona, não fazemos ideia.
A religião das pessoas vem designada no RG (Carteira de Identidade) de cada um, mas não é preciso pedir o documento de ninguém para saber qual sua escolha religiosa. O nome das pessoas, a maneira de se vestir e muitas vezes de se portar já são grandes indicadores de sua inclinação espiritual.
Uma curiosidade: a casa dos cristãos têm sempre uma cruz encravada no portão. Não é necessariamente uma cruz, apenas um pequeno detalhe que lembra o símbolo católico, e que se não tivesse sido apontado por uma pessoa que conhecemos por aqui, com certeza passaria despercebido.
Como vivem os 15% de cristãos no Egito?
Conseguimos conversar brevemente com apenas um cristão. Um dos motoristas que nos levou aos templos de Luxor. Ele se chamava Ibrahim, tinha uma cruz tatuada no pulso e um terço pendurado no retrovisor. Depois percebemos que a maioria dos cristãos possuem a mesma marca na mão. Segundo um outro conhecido egípcio, os próprios pais tatuam a cruz nos filhos pequenos.
Para nossa grande infelicidade, o Ibrahim não falava muito inglês e terminamos a conversa com muito mais perguntas do que começamos… De qualquer maneira, ele fez questão de nos mostrar que a vida entre cristãos e muçulmanos no Egito é muito difícil.
A segregação e preconceito são enormes, tanto por parte do governo quanto da população. Pelo que ele explicou, até mesmo a polícia os trata com grande desprezo. Em contrapartida, nós estávamos presentes durante um feriado cristão e ficamos sabendo depois que, pela primeira vez, o presidente muçulmano Sisi compareceu ao evento.
Encontramos outros cristãos durante nossa viagem, que reconhecíamos através de uma cruz tatuada em algum lugar do corpo, mas o assunto religião é muito delicado por esses cantos, e ficou difícil desenvolver maiores conversas…